sábado, 26 de novembro de 2016

Carta aberta aos vereadores e a população de Brotas: O Plano Diretor

CARTA ABERTA AOS VEREADORES E A POPULAÇÃO DE BROTAS:
O PLANO DIRETOR.
(pulicada em novembro de 2015. Renato Scatolin)
Senhores vereadores e senhores e senhoras cidadãos presentes. 
O que estamos discutindo aqui hoje, não diz respeito apenas a nós. O rumo escolhido aqui nesta sala hoje, afetará não apenas como nós vivemos, mas como os filhos, netos e bisnetos dos que aqui estão irão viver.
Escolheremos entre dois caminhos. Se vamos avançar ou retroceder na preservação ambiental. Se teremos coragem de pensar grande para a construção de uma cidade grandiosa, exemplo e modelo em preservação e qualidade de vida, ou se iremos cometer os mesmos erros que tantas outras cidades cometeram.
Vocês devem ter visto ontem, pelas redes sociais e pela TV, o que aconteceu nas cidades de Bauru e São Carlos, depois de uma chuva um pouco mais forte. Um dia, lá no passado elas também escolheram um caminho. Talvez não tiveram homens públicos visionários, os mesmos que hoje Brotas necessita.
Estes tipos de decisões são irreversíveis. Quando se afrouxa a lei, se cria brechas para o retrocesso é sempre muito difícil voltar atrás. Por isso, hoje devemos aproveitar esta oportunidade da mudança do Plano Diretor para avançamos e eliminarmos qualquer risco de retroceder.
Muito tem se falado sobre meio ambiente nos últimos 20 anos em Brotas. Mas o quanto tem se feito além das palavras e da propaganda? O turismo cresceu e se desenvolveu, mas o as políticas públicas de proteção ao meio ambiente não caminharam na mesma velocidade.
Pelo contrário. O rio jacaré e seus afluentes estão cada vez mais frágeis e assoreados. Muitas nascentes simplesmente desapareceram. O nosso tratamento de esgoto, feito há mais de 30 anos e que um dia pode ter sido motivo de orgulho, hoje trabalha já além do seu limite.
Nem mesmo da água que nos mata a sede todos os dias estamos sabendo cuidar. Alguém tem conhecimento da condição ambiental que nossos mananciais, o córrego da minhoca e das águas claras se encontram? O exemplo não é nada bom.
Dizer que Brotas preserva seu meio ambiente acima da média é nada mais que um mito, uma falsa verdade vendida as custas de uma tradição ambientalista que um dia existiu no passado.
Temos o que temos, não porque estamos fazendo diferente, mas por que ainda não tivemos tempo para destruir o que resta. Estamos trilhando o mesmo caminho errado de tantas outras cidades e se não mudarmos este curso terminaremos com o fim triste de todas elas.
Não precisamos ir longe para perceber a prova deste caminho errado. Aqui em baixo o córrego da lagoa seca virou uma marginal e uma valeta de concreto com água dentro: Matamos o nosso primeiro rio. Alguma diferença entre o que se vê por aí? Será o próximo o ribeirão Gouveia? Quando chegaremos no rio Jacaré?
Senhores homens públicos. Não percam a chance que tem nas mãos de fazerem história e serem lembrados como visionários. Aqueles que um dia garantiram que muitas outras gerações pudessem continuar pulando da ponte, da bacia, descendo o rio de boia. Que muitas gerações pudessem continuar a desfrutar de um rio limpo no meio de uma cidade feliz. De muitas gerações que pudessem ter água para beber, para se divertir e como fonte de renda para suas famílias.
Senhores homens públicos, não aceitem qualquer retrocesso no que já não é hoje suficiente. Não aceitem qualquer retrocesso por menores que lhes pareçam. A cada passo dado para trás, a dificuldade de recuperarmos o que se perde fica cada vez maior. Até que um dia possa ficar impossível
Senhores homens públicos: A lei ambiental que foi feita para o plantador de soja no meio do estado do Mato Grosso não nos basta. Não é nos parâmetros mínimos da lei ambiental que devemos nos basear.
Ela não nos basta porque Brotas é diferente. Porque aqui, além de tudo a natureza é fonte de renda para a cidade. A maior indústria da cidade, que hoje emprega mais de ¼ da população e dá sustento à inúmeras famílias que dependem da natureza e do rio preservado.
Eu vou lhes dar um bom parâmetro: usem a regra do dobro. Se a lei diz 30 metros, que tenhamos aqui 60. Se a lei diz 50 metros, que aqui possamos preservar 100, porque disso depende nosso futuro, nossos empregos e nossa riqueza.
Senhores cidadãos. Não se omitam. Não fiquem esperando que alguém faça o que é dever de todos. E não pensem que construir nosso sonho de cidade acontecerá sozinho ou com o trabalho e coragem de apenas alguns.
Muito obrigado

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