sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Ao invés de ir para o rio, o lixo descartável era reciclável...

Durante a estação chuvosa, a água de chuva que escoa sobre ruas, calçadas, terrenos leva aos bueiros e cursos de águas (rios, córregos, canais de drenagem, etc.) uma diversidade de objetos humanos encontrados pelo caminho. 
Muitos destes objetos são resíduos (lixo) e, se não forem levados pela chuva, se transformam em habitat de uma infinidade de seres vivos, inclusive alguns responsáveis por doenças perigosas.  
Por exemplo: os mosquitos utilizam a água acumulada nos recipientes abandonados para criar seus ovos e aumentar sua população; ou mesmo a bactéria L. interrogans, que causa leptospirose, é encontrada na urina de diversos animais que circulam neste lixo.
Em dezembro de 2017, durante um final de semana chuvoso, no Parque dos Saltos, flutuava no Rio Jacaré, um lixo composto por material reciclável que descia o rio, será que terá um destino saudável? Poderia ser reciclado se tivesse sido deixado num local adequado como o tonel da Campanha "Jacaré Recicla", pertinho dali.
Provavelmente ficará por muitos anos no ambiente do rio Jacaré se não for recolhido:

Material
Tempo de Degradação
Aço
Mais de 100 anos
Alumínio
200 a 500 anos
Cerâmica
indeterminado
Chicletes
5 anos
Corda de nylon
30 anos
Embalagens Longa Vida
até 100 anos (alumínio)
Esponjas
indeterminado
Filtros de cigarros
5 anos
Isopor
indeterminado
Louças
indeterminado
Luvas de borracha
indeterminado
Metais (componentes de equipamentos)
cerca de 450 anos
Papel e papelão
cerca de 6 meses
Plásticos (embalagens, equipamentos)
até 450 anos
Pneus
indeterminado
Sacos e sacolas plásticas
mais de 100 anos
Vidros
indeterminado
Fonte: AmbienteBrasil
Foto: Lixo composto por garrafa pet, rotulo de plastico, tampa de plastico, vidro e isopor.

Foto: Tonel da campanha "Jacaré Recicla" no Parque dos Saltos.
O vidro é 100% é reciclável, e melhor, pode ser reciclado diversas vezes.
Os plásticos têm a composição diversificada, e cada tipo apresenta características próprias quanto a ser reciclado (ou não), como recicla e quais os usos após o processo de reprocessamento.
A garrafa pet é um clássico da reciclagem, negocio certo para aqueles que trabalham com coleta seletiva, assim como o alumínio. Transforma-se em malharia, por exemplo.
E o isopor?
O isopor é um tipo de plastico derivado do petróleo, inventado nos laboratórios da Basf na Alemanha no final da década de 40 (século XX), composto por células de poliestireno expandido e cada célula contem 98% ar e 2% poliestireno, dai sua leveza. 
É muito usado na venda (bandejas, por exemplo) e conservação de alimentos (é isolante térmico), apesar da EPA (Agencia de Proteção Ambiental norte-americana) constatar que pessoas que trabalham na produção de isopor sofrerem de dor de cabeça, perda auditiva, problemas neurológicos e aumento da vulnerabilidade para ter leucemia e linfoma.
No ambiente marinho, representa um problema grave pois o bloco de isopor fragmenta-se quando exposto ao impacto da água com a rocha ou areia, e as pequenas unidades de isopor são consumidas pela fauna marinha. Alem de sintético, o isopor funciona como uma esponja, retendo compostos químicos presentes na água(alguns tóxicos: compostos usados nas atividades agrícolas, pesticidas e metais pesados); a fauna marinha come o isopor e também os compostos tóxicos, que se acumulam ao longo da cadeia trófica (o ser humano é consumidor final). 
O mesmo ocorre no ambiente fluvial (ao longo dos rios) e a vida aquática.
Em ambiente terrestre, o isopor também é problema: ocupa um grande volume nos lixões e aterros, apesar de ser reciclável.
A maior barreira para a reciclagem de isopor é estocar e transportar o material, e no processo de reciclagem, perde seu volume de ar !!! Não é um bom negócio para quem coleta seletivamente, dai a urgência de alternativas para a substituir o isopor e, mais importante, diminuir seu consumo!!!
Estudam-se alternativas e o Instituto AKATU apresenta a bioespuma, confira a seguir:

Produção da bioespuma: uma alternativa ao isopor
Algumas indústrias vêm apostando na substituição do isopor por uma solução biodegradável: a bioespuma. Obtida a partir de produtos naturais renováveis, derivados de plantas e sementes como cana-de-açúcar, soja, mamona e coco, também tem a vantagem de se degradar facilmente no meio ambiente. A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com a empresa Kehl Polímeros, de São Carlos no interior de São Paulo, desenvolveu uma bioespuma que se decompõe em, no máximo, dois anos, na presença de oxigênio. Sem oxigênio, o tempo de decomposição é de três anos.
O material pode substituir o isopor em diversas aplicações, como embalagens de produtos eletrônicos, bandejas de alimentos e substrato para a plantação de mudas na área agrícola.
O descarte da bioespuma, por ser composto de produtos naturais, vai gerar lixo de material orgânico e, conseqüentemente, o malfadado gás metano que é altamente poluente. Como é sabido, isto ocorre na decomposição de qualquer material orgânico. Assim, mesmo se degradando mais rapidamente que o isopor, a bioespuma também será responsável por poluir. 
Outra substituição bastante usada pela indústria como alternativa ao isopor é a polpa moldada (como as de caixa de ovos) feita a partir de papel reciclado e reciclável.
Para a professora Mara Lúcia Dantas, do Laboratório de Embalagem e Acondicionamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ainda são necessários ajustes na formulação da bioespuma. Ela explica que um dos problemas é que as espumas feitas de produtos naturais podem atrair roedores e insetos aos armazéns de estoque.

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